O NASCIMENTO
Postado em sexta-feira, 9 de maio de 2008
Não me recordo ao certo o dia, tão pouco o mês. Tudo o que me recordo, é que eu estava sendo formado de tal forma espetacular q este momento está num belíssimo retrato. Estava eu no ‘pré’ como dizia todos vulgarmente. Era um dia comum, uma manhã de quarta-feira e sentado em um grupo de três pessoas lá estava eu próximo ao mural da sala. A professora pedira naquele momento um “Desenho Livre” (o que nos fazia saltar de alegria só pelo fato de não ter que fazer mais nada além do que nossa imaginação pede), para amenizar a dolorosa força usada pela minha mente em aprender. A questão cruel que veio logo após o anúncio foi ‘O que desenhar?’ Meus dois amigos não pensaram duas vezes, pagaram os lápis de cor e rapidamente fizeram uns dois traços entrelaçados e anunciaram seu desenho, um dos dois, minutos depois observando, corrigiu o que anunciara, dizendo que os 2 traços não pareciam nós, então resolveu fazer mais um traço (transformando assim em um boneco de palito com tronco, braços e pernas e um círculo representando a cabeça, o que era de lei...) e assim formou-se os desenhos que foram detalhados ao fundo com uma casa e uma árvore, mas e eu? Eu não queria fazer sempre o mesmo desenho, tudo do mesmo jeito como meus amigos fizeram.
Pensei um pouco, a Profª aproximando-se perguntou se eu queria desenhar, e a resposta veio em seguida afirmativamente: É claro que sim! Neste momento fitei os desenhos de meus colegas e ao fundo ouvi um barulho que crescia repentinamente, descobri junto com outros que se tratava de um helicóptero, surgiu assim a maravilhosa ideia de se fazer um ‘pôr-do-sol’ com um helicóptero voando, o porquê eu não sei, mas de onde tirar um esboço para fazer um helicóptero? Foi ai que eu olhei ao lado e percebi no mural da sala um desenho com um modelo semelhante, já que dele não dava para ver que tipo de helicóptero era, resolvi que seria esta a base do meu desenho e imaginei tão verdadeiramente como ficaria meu desenho que fiz todo o meu desenho de uma forma que já não sou capaz de fazê-lo hoje, mas que naquele dia nenhum outro colega fez coisa tão similar. As cores haviam me ajudado também, e eis que dias mais tarde ganhei os parabéns de minha mãe pelo empenho.
Naquele dia tive a certeza de estar formado, pronto para nascer ao mundo, e na 1ª série eis que já sabia ler e escrever (não tão bem quanto hoje, mas sabia) e passei a metade da aula empenhado em fazer um breve comentário de uma história. Demorei algo em torno de uma hora ou pouco mais, fui um dos últimos, porém também um dos poucos que a professora quis ler para a sala, pela coerência e o jeito como foi interpretado. Então olhei aos outros dos que também escreveram um bom comentário e naquele momento soube que havia nascido. Pois é Leitor(a), eu nasci numa manhã, e mesmo q ela não fosse bela, a mim tornou-se a mais bonita, a que me fez andar todo feliz pela escola, mesmo que não me fizesse ser notado pelos outros amigos da escola.
FOTO: Flickr
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