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Sobre homens com broches no paletó

Postado em quarta-feira, 18 de junho de 2014

 Quando me falaram da existência do Rotary Club em minha cidade, eu fiquei com medo. Achei que era alguma coisa parecida com as que eu via nos filmes onde uma instituição que não conhecemos se junta ao governo ou chega a cidade sem mais nem menos e começa a colocar seus planos malignos em jogo. Depois do medo, veio aquela sensação pior ainda, que eu nem sei escrever, e foi quando eu vi uma foto no jornal regional de um senhor com muitos broches e símbolos perto da gravata do paletó azul marinho.

Comecei a lembrar que broches de aço, ferro ou qualquer coisa espetada em um terno ou paletó me lembrava filmes de guerras e honrarias nacionais como Rambo, Operação Valquíria, Ato de coragem entre tantos outros e o desfecho não era sempre muito bom.


De lá até o meu ‘agora’, não houve guerras, armas nucleares ou biológicas (armas biológicas não se pode ver nem sentir diretamente, esse ainda é um medo. Credo) e eu acho que minha mente ficou em estado de choque nos primeiros dias e não demorei a buscar o significado dos broches e suas representações.



Descobri que é mais difícil encontrar o significado de algo que você só viu por alguns segundos do que do para o ato de colocar broches no paletó. Assim entendi que o ato em si é mais uma forma de mostrar aos amigos, pessoas ou comunidade as honrarias que da mesma forma se faz no exército quando se vence uma guerra, salva pessoas e outras coisas. No Rotary Club, bem como em outros clubes e associações, há formas de demonstrar sentimentos e esta é uma delas. Desta forma, passei a ver com bons olhos esses itens pregados as roupas das pessoas, sobretudo dos mais velhos (até porque pode haver um doutor entre nós e este, ter um broche muito importante ao título de doutor e eu nem saiba) e a perguntar diretamente à pessoa o significado das coisas (por mais bobo que pareça, ao menos estou sendo humilde ao ponto de perguntar e não pré-julgar).

Esses dias tive a oportunidade de fazer um curso de brigada de incêndio na região. Fiquei um dia inteiro aprendendo a lidar com vidas, fogo e outras coisas e depois desse longo dia, recebi um broche. Vejam como a vida é um pouco estranha, agora eu sou brigadista, tenho um broche e não tenho ainda um paletó, mas quem sabe um dia e espero que perguntem o significado das coisas, antes de terem medo de mim. O mundo é estranho as vezes e se eu não disse antes, eu tenho medo do poder de nossos pensamentos (mas o medo as vezes é bom).


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